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07/08/24

Conheça Contorno Viário da Grande Florianópolis que promete baixar 1h20 do tempo de tráfego

Santa Catarina abre as pistas duplas do Contorno Viário da Grande Florianópolis na próxima sexta-feira (9). A via pretende reduzir 1h20 da travessia na região e terá impacto em ao menos nove cidades, entre Santo Amaro da Imperatriz e Tijucas (infográfico abaixo). A inauguração será feita pelo presidente Lula.

Cortada por quatro túneis, seis trevos e sete pontes, o contorno tem 50 quilômetros de extensão e foi projetado para desviar o tráfego da BR-101, que corta a região metropolitana de Florianópolis. Ele deve impactar cerca de 30 mil veículos por dia e será uma alternativa rápida para quem está de passagem.

A Arteris Litoral Sul, responsável pelo trecho , diz que a rodovia vai reduzir o percurso de 2 horas para 40 minutos. Além de baixar o tempo de tráfego, o contorno também deve diminuir os custos operacionais de transportadoras (entenda abaixo). O valor investido foi de R$ 3,9 bilhões.

A Grande Florianópolis, com 22 cidades, é um dos principais centros financeiros, industriais e turísticos de Santa Catarina. A região concentra 1,2 milhão de habitantes, cerca de 15% da população do estado. Além da capital, com 537 mil moradores, tem outras cidades populosas, como São José (270 mil) e Palhoça (222 mil).

A obra é entregue após 12 anos de atraso. Confira a linha do tempo abaixo.

Entre 1990, começou a ser discutida pelo governo federal e comunidade.
Em 2007, entrou para o contrato de concessão da BR-101.
Em 2012, deveria ter sido entregue, mas não tinha nem começado.
Em 2014, obras tiveram início.
Em 2024, contorno viário é concluído e entregue.
Mais velocidade
O Contorno Viário terá velocidade operacional de 100km/h e 44 radares nos dois sentidos. A concessionária afirma que a obra foi construída para não ter aclives ou declives acentuados, sendo mais plana e com curvas suaves. O objetivo é evitar a redução de velocidade e garantir a característica de corredor expresso.

Por causa do número de viagens de caminhões para transporte de materiais, foram instaladas 667 vigas e 470 toneladas de concreto asfáltico ao longo de toda a extensão.

Expectativa
Presidente da Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Egídio Martorano acredita que além de reduzir o índice de acidente na BR-101, o contorno trará redução de níveis de gases e ruídos da rodovia federal.

Também, segundo ele, o novo percurso ajudará a diminuir os custos operacionais dos veículos que passam pela estrada, até então única opção.

A entidade estima que serão transferidos cerca de 25 a 30 mil veículos por dia da região urbana da BR-101 para o contorno. Em relação aos veículos pesados, a Fiesc projeta a transferência de 18 mil caminhões a cada 24 horas – queda de até 22% no tráfego.

Segundo o relatório da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado em dezembro de 2023, o trecho entre os quilômetros 200 e 210 da BR-101 na Grande Florianópolis registrou 529 acidentes entre novembro de 2022 a outubro de 2023. Foram 16 mortes, o maior número do país em um único trecho.

São José, cidade cortada tanto pela BR-101 quanto pelo contorno, também celebra a inauguração e vive a expectativa de queda na violência do trânsito. Ao passo disso, a quarta cidade mais populosa do estado espera do governo federal a construção da alça de acesso no entroncamento com a SC-281, que vai ligar a BR-101 ao contorno.

São Pedro De Alcântara, com 5 mil habitantes e menor cidade da região próxima do contorno, espera que a obra ajude os moradores a atingirem novas zonas de trabalho. Aposta ainda no aumento de turistas. Mais antiga colônia alemã do estado, a cidade tem roteiros de atrações históricas, culturais e naturais.

Além disso, a comunidade reclama dos alagamentos e o barulho constante. O ruído que incomodava agora dará lugar ao barulho constante do trânsito.

Marcilei Aparecida Matos, uma das moradoras da comunidade se juntou com outros nove proprietários da região e entrou com uma ação contra a Arteris por conta dos problemas.

Principais entraves
As obras nos primeiros 14 quilômetros, em Biguaçu, começaram em 2014, após a concessionária conseguir a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), solicitado em 2009. Atrelado a isso, o contorno sofreu atrasos após Palhoça pedir para mudar o traçado original da obra pois a construção de um condomínio foi traçado no meio do contorno.

Com a mudança do endereço, a obra foi readequada e três túneis duplos precisaram ser incluídos. Um quarto túnel foi adicionado ao projeto a partir do pedido do Ibama para evitar uma área de vegetação. O valor do contrato subiu cerca de R$ 1 bilhão por conta das novas construções.

Em novembro de 2020, o TCU determinou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que renegociasse o contrato com a concessionária. O objetivo foi reduzir em R$ 136 milhões o então contrato, segundo o órgão à época.

A autorização para a execução completa da obra foi dada em dezembro de 2020, e as obras no trecho remanescente, em Palhoça, começaram em fevereiro do ano seguinte (veja as imagens abaixo).

A obra também precisou de autorização da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), já que em Biguaçu, entre a BR-101 e a nova rodovia há uma aldeia indígena. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também participou das reuniões durante as obras.

Em outubro de 2023, o contorno registrou o oitavo adiamento. Ao invés de ficar pronta em dezembro daquele ano, o novo prazo para o término dos trabalhos foi colocado para julho de 2024. À época, a concessionária disse que um acidente geológico em um dos túneis e a identificação de um solo argiloso contribuíram com o atraso.

Tratamento do solo

Outra dificuldade, conforme a concessionária, foi a substituição de solo em áreas alagadas para evitar que o asfalto afundasse com o tempo. De acordo com a Arteris, foi necessário tratar o solo mole em cerca de 70% do trajeto.

Não era possível apenas aterrar e colocar asfalto por cima, já que havia chance do terreno irregular, justifica a empresa. Por isso, a concessionária fez um “trabalho específico e tecnológico de geotecnia antes de realizar o aterro”.

Desapropriações

A Fiesc, que também monitorou os trabalhos no contorno viário durante os 12 anos de atrasos e entraves, criou um painel em que destacou as desapropriações ao longo da obra como outro fator de atraso. Ao longo dos anos, foram mais de 1,1 mil áreas desapropriadas.

Principais fatores de atraso da obra / projeto

Entraves Porcentagem
Projetos e estudos 40%
Licenciamento ambiental 40%
Desapropriação 20%
Fonte: Fiesc
Entenda as principais licenças

O Contorno Viário de Florianópolis seguiu um rito do licenciamento ambiental federal e contou com todas as licenças emitidas. Veja abaixo:

LI – Licença de Instalação: Autoriza o início da obra ou do empreendimento;
LO – Licença de Operação: Autoriza o início do funcionamento da obra ou do empreendimento;
EIA – EIA/RIMA: Demonstra a viabilidade ambiental e aponta a melhor localização e concepção tecnológica do projeto;
LP – Licença Prévia: Declara que o projeto da obra desenvolvido pela Arteris Litoral Sul é ambientalmente viável mediante implantação das medidas e recomendações apontadas no EIA/RIMA.

Fonte: G1 Santa Catarina

Autor: Setracajo




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