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Notícia19/11/15
Pontos de parada como negócio
O empresário Markenson Marques, presidente da Transportadora Cargolift, de Curitiba, se diz favorável aos pontos de parada e descanso (PPDs) que o governo federal está reconhecendo nas estradas brasileiras. “Desde que homologados pelo governo, estando de acordo com a legislação para garantir o tempo de descanso ou pernoite dos motoristas, são muito bem-vindos”, declara. Os PPDs são tema de reportagem da nova edição da Revista Carga Pesada.
Marques considera natural que o investidor cobre pelo serviço. “Não há outra saída, o transportador, seja autônomo ou empresa, terá de pagar.” Mas o custo, na opinião dele, deve ser repassado ao embarcador. Para isso, Marques tem uma proposta: “A solução seria aprovar uma alteração na lei do vale-pedágio, acrescentando uma taxa de 8%. Com essa receita adicional, pagaríamos o ‘truck parking’. Eles teriam de aceitar o vale-pedágio em pagamento”.
Gerente comercial da Mafro Transportes, de Rondonópolis (MT), Wanderson de Freitas Matos diz que não há muita saída na região em que atua: cada vez mais os caminhoneiros têm de recorrer a estacionamentos pagos. “É difícil fugir disso, porque houve um aumento no número de caminhões para o transporte de grãos”, afirma.
No Sul de Mato Grosso, segundo ele, ainda há grandes redes de postos que deixam os clientes estacionarem gratuitamente. “Mas de Mutum para cima a maioria cobra. Não há onde parar. A partir das 18 horas, os postos começam a lotar. Muita gente fica na beira da rodovia”, conta.
No Norte do Estado, a Mafro chega a pagar R$ 40 por noite, por caminhão. Outro problema na região, segundo ele, é o grande número de rodotrens, que só podem rodar durante o dia.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo (Sindicam-SP), Norival de Almeida, considera que a tendência é todo motorista ter de pagar para dormir. “Infelizmente, é muito fácil as pessoas colocarem seus preços e jogarem para o caminhoneiro pagar”, lamenta.
No Estado de São Paulo, segundo Almeida, ainda há muitos postos que não cobram do caminhoneiro que abastece no local. “Uma mão lava a outra.” Mas, no futuro, ele acredita que a regra será a cobrança. “Qualquer área de estacionamento, principalmente em São Paulo, tem custo muito alto.”
Mas a ideia da cobrança enfrenta muita resistência na categoria. A Carga Pesada abriu uma enquete no site www.cargapesada.com.br e perguntou: “Você está disposto a pagar para pernoitar em segurança, num local fechado, com cancela, vigias e câmeras? Quanto pagaria?”
Como não poderia ser diferente num cenário de frete baixo e custos altos, a grande maioria disse “não”. Somente 32% afirmaram que estão dispostos a pagar para descansar.