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Notícia28/05/18
Entrevista no AN com presidente Wilson
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Operações Logísticas de Joinville (Setracajo), Wilson Steingräber, faz um balanço da paralisação dos caminhoneiros autônomos, em entrevista concedida ao colunista de Economia do Jornal AN, Claudio Loetz, no dia 28 de maio.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual é a sua avaliação dessa situação?
Wilson Steingräber – A situação é complexa. Tivemos de fechar nossa empresa, aliás como tantas outras. Temos caminhões parados em diferentes pontos do país. Nem vazios eles rodam. Só nos temos 40 cavalos mecânicos, 50 carretas e mais de cem terceirizados, que também nos atendem. Nada roda.
O movimento continua ganhando apoio da população. O que isso significa?
Wilson – Verdade. Vi que 60 motoristas de vans se juntaram ao movimento aqui na região, no sábado. E quando a Polícia Rodoviária Federal agiu para pedir o desbloqueio da rodovia, o fez muito tranquilamente. Não se trata de apoio aos caminhoneiros, mas de compreensão para a causa.
Conversei neste domingo com participante da paralisação. Os caminhoneiros querem acordo que atenda as reivindicações da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos.
Wilson – As reivindicações – em especial a redução do preço do diesel – são legítimas.
Este mesmo participante do movimento relata que há disposição para a continuidade da paralisação aqui na região de Joinville. Ele conta que os autônomos já são responsáveis por mais da metade da movimentação de mercadorias transporte no país.
Wilson – Acredito. Vamos acompanhar os fatos.
Qual é a origem do problema?
Wilson – A política de preços da Petrobras está equivocada. Entendo que a Petrobras não deve agir apenas olhando para o mercado. É uma empresa pública. Então, ou é um patrimônio público ou, se for gerir o negócio pelo viés exclusivamente do mercado, que privatize logo!
O acordo de quinta-feira não resolveu o impasse.
Wilson – Acho que se esticou demais a corda. Não sou fã do acordo (fechado na quinta-feira da semana passada), mas é um acordo razoável. Eu disse para alguns caminhoneiros que devemos dar uma chance à trégua.
Quando vai acabar isso tudo, na sua opinião?
Wilson – Antes de terça-feira, dia 29, não acaba.
O senhor teme confrontos se a paralisação continuar?
Wilson – O movimento é pacífico. É hora da distensão. Estamos todos imobilizados. Repito: temos de dar uma chance à trégua.
A Associação Catarinense de Supermercados avisa que faltará até pão ao longo da semana se a reposição de produtos não acontecer por falta de matéria-prima e gás. Frios e laticínios, verduras e frutas, batata e tomate; carnes in natura e resfriadas em geral, e frutas de fornecedores de outros Estados já faltam. Quanto tempo demora para a situação de abastecimento se normalizar?
Wilson – A conta é simples: para cada dia de paralisação, serão necessários dois dias para recuperar o fluxo completo do abastecimento de mercadorias. A paralisação já completa sete dias neste domingo. Então, vai demorar mais do que duas semanas para a total normalização do abastecimento.
Isso significa que vamos passar o feriadão de Corpus Christi ainda desabastecidos?
Wilson – A chance é grande. Claro que várias mercadorias estarão nos supermercados mais rapidamente do que outras. Em geral, os supermercados têm estoques para três dias.
Este movimento não é movimento qualquer, claro… Como percebe o comportamento dos caminhoneiros?
Wilson – Os caminhoneiros acham que o governo não vai cumprir o acordo. Os governos nem sempre têm cumprido o que prometem. Este é um evento fora da curva. Infelizmente, é verdade que os governos não têm cumprido com acordos.
*Entrevista concedida ao colunista de Economia do Jornal AN, Claudio Loetz, no dia 28 de maio