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22/09/20

Ineficiência de infraestrutura rodoviária onera em 30% o custo do transporte em SC

Os estraves e congestionamentos da BR-101 de Santa Catarina, entre Criciúma e Navegantes, são as principais razões para que o custo do transporte no Estado seja elevado em 30%. Em outras palavras, isso quer dizer que a cada R$ 1 custeado na operação somam-se R$ 0,30 por quilômetro rodado.

Além disso, estas mesmas situações fazem com que o motorista leve até 9 horas para se deslocar de uma cidade à outra – do Sul ao Centro-Norte catarinense – trajeto que ele faria em cerca de 5 horas. Isso faz com que seja dobrada a quantidade de veículos neste trecho da rodovia e a jornada normal de trabalho (8 horas) extrapolada em apenas uma viagem (apenas de ida).

Estas informações são da Pesquisa do Impacto do Fluxo de Veículos na BR-101 Sul/SC em Pontos Críticos da rodovia para o TRC e Logística, contratada pela Fetrancesc com a Faepesul/Unisul. Os monitoramentos foram realizados a partir de 1º de novembro de 2019, entre 6h e 20 horas, de segunda a sexta-feira, com destaque para os dias úteis.

O custo da mão-de-obra do motorista também é elevado para a transportadora em virtude destes entraves. A empresa acaba tendo o custo fixo dobrado com o motorista, valor que poderia ser revertido em benefícios e consequentemente de qualidade de vida para o colaborador.

A Pesquisa relacionou esta realidade aos congestionamentos que ocasionam em uma média de velocidade de 39,79km/h. Em 115 dos 298 quilômetros estudados, que representam 28,60% do trajeto, o documento aponta que não se chega nem em 40 km/hora, enquanto os demais 183 km têm trechos com média de até 78 km/h.

Há trechos consideráveis em que a velocidade chega a ¼ da ideal e as transportadoras veem exigido até 2,66 vezes mais caminhões para transportar a mesma quantidade de produtos, intensificando os gargalos e congestionamentos.

A apresentação dos dados foi realizada em Live, no canal do Youtube da Fetrancesc, no dia 21 de setembro, pelo responsável pelo desenvolvimento da pesquisa, Gean Carlos Fermino, comentada pelo presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, e intermediada pelo diretor executivo da Fetrancesc, Maurus Fiedler.

Custos fixos e financeiros dobrados 

Outro dado da Pesquisa é que o setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), submetido às constantes restrições de trânsito, vê seus custos fixos e financeiros somarem 93,54% e amargar queda de oito vezes a oportunidade de investimento – ganhos ou perdas de oportunidades de negócios ou investimentos. Isso significa que a empresa poderia atender à mesma demanda, restando 7 vezes mais recursos para investimentos em outras atividades, a exemplo de benefícios revertidos em elevação da qualidade de vida dos colaboradores.

Em outras palavras, levando-se em consideração o custo por tonelada ou o custo por quilômetro rodado, as empresas do transporte de carga somam a perda de faturamento de 12,77%, equivalente à defasagem do preço.

A interpretação de todos estes dados remetem ao fato de que uma transportadora deixa de fazer 490 viagens de 1 mil, ou seja, quase 50%, e, proporcionalmente, de transportar o equivalente ao valor médio de carga de cada viagem.

Impactos socioambientais

Outro importante impacto destes entraves da BR-101 entre Criciúma e Navegantes/SC, que geram a média de velocidade neste trecho inferior a 40km/h, é que, da distância de 298 km, 1/3 soma restrições importantes e revelam fortíssimo impacto negativo na operação para cada veículo pesado – condição que gera custo socioambiental muito relevante.

Qualidade de vida do motorista

Outro impacto ocasionado pelo trânsito intenso e velocidade inferior a 40km/h nesta região é o aumento do tempo de condução. Circunstância que afeta diretamente o comportamento dos motoristas em relação a direção, restringe a manobrabilidade e torna imprevisível cumprir qualquer programação.

Desgaste e consumo elevado

O desgaste de um caminhão rodando a 39,79km/h durante 1 hora é o mesmo que ele teria andando por 2 horas na velocidade (hipotética) ideal (80 – 88km/h), segundo a pesquisa. Entretanto, nos 115 km em que se trafega em marcha lenta, se terá 69 minutos (1 hora e 9 minutos) e um acréscimo de consumo de aproximadamente 50,16 litros de combustível. De carona vem o adicional indesejado: +10% no consumo de combustível, se comparada a velocidade média real de 78 km/h, desempenhada em alguns trechos e sendo limite máximo permitido por algumas empresas para a sua frota trafegar.

Contorno Viário reduz impactos

De acordo com a pesquisa, o Contorno Viário da Grande Florianópolis, obra vinculada à concessão para a Arteris Litoral Sul do trecho Norte da BR-101 em Santa Catarina, reduzirá parte destes impactos. A concessionária afirmou que, durante a temporada de verão de 2020, o tráfego de automóveis superou em até 60%. Da mesma forma, o documento contratado pela Fetrancesc evidenciou que, quando a obra estiver pronta, o cenário demandará outras soluções e ações.

Piores pontos de retenção

No trecho da BR-101 entre Navegantes e Criciúma, região que compreende 80 municípios – Foz do Rio Itajaí (13), Grande Florianópolis (21) e Sul Catarinense (46) – os pontos de maior retenção são o Morro dos Cavalos (Palhoça); no elevado da BR-101 no acesso a Santo Amaro da Imperatriz; na alça de acesso Norte à Palhoça, da mesma forma que a alça de acesso Norte à São José, no bairro Barreiros; alça 2 de acesso à Itapema; alça 2 de acesso à Balneário Camboriú; 1º elevado de entrada à Itajaí com Brusque – SC 486, conexão com a Rodovia Antônio Heil, sentido Norte; Ponte sobre o Rio Itajaí-Mirim, em Itajaí, sentido Norte; e o 3º elevado de entrada a Itajaí, conexão com a Rua Dr. Reinaldo Schmithausen, sentido Norte e referências para o sentido Sul. Fonte: Fetrancesc

 

 

Autor: Setracajo




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